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Agosto
19
2019

Profissionais formados na UFGD falam sobre a vida de artista de teatro

  Atualizada: 19/08/2019

Nesta segunda-feira, dia 19 de agosto, comemora-se no Brasil o dia do artista de teatro. Na Universidade Federal da Grande Dourados, o curso de Artes Cênicas foi iniciado em 2009 e nesses 10 anos tem formado artistas, professores, pesquisadores e produtores culturais.

Aqueles que optam por seguir a carreira de artista de teatro não estão restritos a trabalhar como ator ou atriz. Na verdade, para um espetáculo teatral acontecer, são necessários muitos profissionais com diferentes habilidades artísticas: dramaturgo, cenógrafo, figurinista, técnico de iluminação, técnico de som, diretor de espetáculo, assistente de produção, agente cultural, entre outros.

O curso de Artes Cênicas prepara o profissional para atuar em todas essas áreas da produção teatral, e ainda oferece a opção de licenciatura para quem quer trabalhar com arte nas escolas ou montar grupos e cursos de teatro.

Conheça a trajetória de dois profissionais que cursaram Artes Cênicas na UFGD.

 

De ator a empreendedor

Aos 20 anos, Antonio Martins Oliveira Junior veio do interior de São Paulo para Dourados, com o objetivo de cursar bacharelado em Artes Cênicas. Sonhando em trabalhar como ator no eixo Rio-São Paulo, o jovem nem sequer cogitava a possibilidade ser sócio em um empreendimento ou gerenciar um espaço cultural.

A primeira mudança em seus projetos profissionais se deu ao ingressar na Cia Theasthai de Artes Cênicas, quando avaliou – pelo exemplo de seus colegas – que a formação em licenciatura não o impediria de ser ator, como também abriria um leque de oportunidades para além de atuar. Também com a experiência na companhia teatral que ele percebeu a falta de espaços físicos disponíveis para que grupos de dança, teatro e música possam se reunir para ensaiar e se apresentar na cidade de Dourados.

A dificuldade se transformou em oportunidade quando, em 2016, Júnior e mais três amigos fundaram o Sucata Cultural. Dessa forma, com apenas 24 anos, Junior iniciou uma vida profissional muito diferente daquela que havia sonhado na adolescência: ficou no interior de Mato Grosso do Sul, onde tornou-se empreendedor, educador, artista, produtor e gestor cultural.

“A formação em Licenciatura em Artes cênicas foi um divisor de águas na minha vida. Eu era uma pessoa que entendia o teatro como uma profissão. O curso me permitiu ver além, e entender a função social das artes cênicas e as artes em geral. Me tornei outra pessoa ao compreender a necessidade de arte que todos nós humanos temos”, conta.

Um dos objetivos do Sucata Cultural é fomentar a cena teatral de Dourados, e para isso anualmente é aberto um processo de seleção chamado Temporadas Sucata, para que grupos de teatro ou artistas solo inscrevam espetáculos que ficam em cartaz durante todo um mês. Assim, o espaço oferece para o público espetáculos teatrais todo final de semana, com ingressos em valor acessível, em torno de R$ 10,00. Além de estimular a formação de público, a iniciativa também incentiva os artistas de teatro, já que oferece espaço para ensaio e apresentação ao longo de todo um mês.

Apesar de feliz com a sua trajetória e suas conquistas profissionais, Júnior admite que muitas pessoas, inclusive na sua família, não demonstram respeito pela formação em Artes Cênicas e pela própria profissão de artista. “O Sucata Cultural tem a função de lembrar a mim, e a todos nós sócios-amigos, que a nossa profissão e o nosso dom é fazer arte, esse é o nosso trabalho. Nossa função na sociedade é oferecer oportunidades de arte e cultura, e Dourados é uma cidade muito grande e ainda muito carente de espaços artísticos”, diz ele.

 

O artista-pesquisador

Nill Amaral é diretor de teatro reconhecido no cenário cultural de Mato Grosso do Sul, já tinha duas décadas de experiência em produção teatral quando ingressou na primeira turma do curso de Artes Cências da UFGD. Também cursou especialização teatro na UFGD e atualmente está finalizando mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “É provável que meu primeiro contato com o teatro tenha sido por invenção. Porque eu sempre busquei criar espaços, inventar histórias, seja nas escolas onde estudei, no quintal da minha casa, até na lavoura no sítio em Itaporã… Eu não sei precisar o momento exato em que decidi pelo teatro. Quando me dei conta, o teatro era minha vida. Eu nunca fiz outra coisa, vivi e vivo para o teatro”, relembra ele.

Como diretor de teatro, Nill conta que ao começar um novo espetáculo, ele inicia com um planejamento pessoal detalhado, mas mantém-se sempre aberto a vivenciar um processo de criação colaborativa, compartilhando a montagem da peça e absorvendo as contribuições de cada um dos colaboradores, sejam os próprios atores, figurinistas, técnicos de som e iluminação. “Geralmente, em Campo Grande, onde desenvolvo meus projetos, não temos a figura do produtor. Acaba que eu tenho que ampliar meu planejamento para trabalhar não somente como diretor, mas como produtor também”, conta Nill.

Além de produtor cultural e diretor, Nill também realiza workshops com artistas iniciantes e demais interessados, onde compartilha sua experiência nas artes e na academia. “Eu pesquiso a palavra, o gesto e o movimento do ator durante abordagem no texto dramatúrgico como categorias fundamentais de formação. Então desenvolvo alguns workshops relacionados com este tema”, relata.


Nill Amaral
O diretor de Teatro Nill Amaral

 

Sucata
Antonio Martins Oliveira Junior em evento no Sucata Cultural

 

Antonio Júnior hoje é empreendedor, artista, professor

Antonio Júnior hoje é empreendedor, educador, artista, produtor e gestor cultural
 



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