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Setembro
20
2023

Com recursos garantidos, UFGD anuncia o lançamento de dois novos cursos voltados aos povos indígenas

  Atualizada: 20/09/2023
Em parceria com a UEMS, a instituição prevê para 2024 o início de turmas de Pedagogia Intercultural Indígena e Agroecologia Intercultural Indígena

SECADI/MEC
Secretária Zara Figueiredo, do MEC, ao centro, durante visita à Reserva Indígena de Dourados

Com o objetivo de fortalecer a formação universitária e profissional de indígenas da região do Cone Sul de Mato Grosso do Sul, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) anunciou a abertura de dois novos cursos, demandas já antigas da população originária, identificadas por meio de consulta aos movimentos indígenas: Pedagogia Intercultural Indígena e Tecnologia em Agroecologia Intercultural Indígena – sendo ambas as iniciativas em parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

O anúncio foi feito durante a visita de representantes dos ministérios da Educação (MEC) e dos Povos Indígenas (MPI) a Dourados, nesta segunda-feira (18/09), ocasião em que foram garantidos os recursos necessários à implementação dos cursos – R$ 6 milhões para Pedagogia e R$ 3 milhões para Agroecologia, oriundos do MEC.

“Para a educação efetivamente funcionar, tem que haver articulação entre a educação superior e a educação básica. E a capilaridade que as universidades do interior possuem é importantíssima nesse processo, pois a territorialidade para nós é algo inegociável”, afirmou a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do MEC, Zara Figueiredo.

Em intensa programação que durou o dia todo, os representantes visitaram, além dos campi da UFGD e da UEMS, na Cidade Universitária, a Reserva Indígena de Dourados, passando pelas escolas municipais e estadual presentes no local. Também participaram de reuniões com o prefeito do município, Alan Guedes, e com integrantes da comunidade acadêmica da UEMS e da UFGD, na presença do reitor Jones Dari Goettert (UFGD).

Estiveram em Dourados, pelo MEC, a secretária Zara Figueiredo e a coordenadora-geral de Educação Escolar Indígena na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI), Rosilene Cataá Tuxá. Do MPI, vieram Joziléia Kaingang, chefe da Secretaria de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas, e Eliel Benites, professor licenciado da UFGD que hoje ocupa o cargo de diretor do Departamento de Línguas e Memórias do ministérios.

Participaram, ainda, das atividades, os deputados Geraldo Resende (federal) e Gleice Jane (estadual) e integrantes das secretarias municipal e estadual de Educação.

SECADI/MEC
Grupo durante visita a uma das escolas da Reserva Indígena de Dourados

PEDAGOGIA INTERCULTURAL INDÍGENA

Com previsão de início no primeiro semestre de 2024, o curso terá duração de quatro anos e capacidade para 70 estudantes, sendo as vagas prioritárias para professores indígenas que já estejam atuando no ensino em séries iniciais.

“Esse curso era uma demanda antiga dos movimentos indígenas da região e está se tornando realidade graças a uma articulação com o governo federal, por meio da SECADI/MEC e do MPI. Nosso objetivo, futuramente, é institucionalizar essa graduação, para que se torne uma oferta permanente da UFGD, contemplando a grande necessidade de formação existente na região”, comemorou a professora Maria Aparecida Mendes de Oliveira, diretora da Faculdade Intercultural Indígena (FAIND) da UFGD, unidade acadêmica que ficará a cargo do curso.

De acordo com a docente, o processo para seleção dos estudantes será aos moldes do vestibular especial para a Licenciatura Intercultural Indígena – Teko Arandu. As aulas, assim como já acontece nos demais cursos da FAIND, serão aplicadas na modalidade Pedagogia da Alternância – em que os alunos passam um tempo na comunidade e outro período na universidade –, destacando-se aspectos que valorizem o direito à formação durante o trabalho, de maneira específica, intercultural e bilíngue, em vínculo com o território e em fortalecimento das políticas públicas de garantia de ingresso e de permanência de estudantes indígenas na universidade.

“Assim, se leva em consideração a distância entre os territórios indígenas do Cone Sul de Mato Grosso do Sul e a universidade, pois atualmente temos estudantes de 17 municípios e 30 terras indígenas, de Rio Brilhante até as fronteiras com o estado do Paraná e o Paraguai”, enfatizou a diretora.

TECNOLOGIA EM AGROECOLOGIA INTERCULTURAL INDÍGENA

O curso surgiu no esforço de atender, prioritariamente, indígenas que estejam cumprindo penas em regime aberto ou semiaberto no município de Dourados e que já tenham concluído o ensino médio. Com duração de dois anos e meio, a iniciativa será ofertada pela UEMS – que possui experiência nesse tipo de formação – com a coordenação de um docente da UFGD.

O objetivo é ressocializar os apenados por meio do ensino superior e, ao mesmo tempo, incrementar o desenvolvimento de ações de segurança alimentar nas comunidades de origem desses estudantes. “O curso, que visa a formação tecnológica, pretende preparar os estudantes para a produção orgânica sob os conceitos da agroecologia, do consumo solidário, do comércio justo, focando, também, nas relações de trabalho, colocando a pessoa como centro desse processo”, explicou Eder Pereira Gomes, professor da Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD e futuro coordenador do projeto.

Assim como a graduação em Pedagogia Intercultural Indígena, a formação em Agroecologia, que ainda está com o projeto pedagógico em elaboração, prevê aulas alternadas entre os espaços da universidade e da comunidade e abrirá vagas para 40 pessoas.

Jornalismo ACS/UFGD
SECADI/MEC
Grupo durante a visita a uma das escolas da Reserva Indígena de Dourados

SECADI/MEC
Grupo durante a visita a uma das escolas da Reserva Indígena de Dourados

 

 




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